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samedi 17 septembre 2011

Todas as coisas e coisa nenhuma

Sinto falta do cheiro
E das conversas intermináveis
e dos abraços de despedida
da forma como a colher entrava pelos cantos da boca
e da "siesta" das tardes de sábado
de rir das coisas mal entendidas
E de contemplar o céu estrelado
ou o pôr-do-sol... (Agora resisto aos pores-do-sol)
Sinto falta do tango
da proximidade
da companhia
do toque suave
Sinto falta da saudade que durava uma noite e morria na manha seguinte
E chego a odiar a saudade infinita que, a esse ponto, não tem solucão.
Sinto falta da inocência, veementemente negada, mas absolutamente percebida
Da serenidade, do carinho aprendido a cada dia
da necessidade de uma maior conexão com Deus... e de compartilhar esse Deus com ele ... :(
Sinto falta dos cabelos
e da espontaneidade
de dividir o sorvete e de ler um livro interessante com as pernas sobre as pernas
Sinto falta da cumplicidade, da amizade...
Do desejo
Do fio do chá amarrado delicadamente na xícara
da voz dizendo: BOA NOITE e do Hezbollah sem sentido.
Sinto falta do menino
e da barba do homem
das maos e do origami...
Sinto falta de todas as coisas e algumas vezes até gosto disso. Só algumas vezes.

Mas já não direi
E algum dia o silêncio calará a memória
Ou talvez a memória devore o silêncio.



Karol.

vendredi 9 septembre 2011

Indo pra muito longe

Quero ir embora de mim
Estou cansada das impossibilidades
Das muitas distâncias, intransponíveis
Do abismo que separa o que sei do que desejo
O que quero do que não posso ter
Quero ir embora de mim
Cruzar a ponte
Partir pro infinito
E nunca mais voltar pra cá.

Karol.


dimanche 4 septembre 2011

A ordem das coisas altera a vida

Tiro os sapatos pra caminhar quando chove, disse ele, a propósito da tormenta que caiu sobre a cidade. Ela escutou, em silêncio. Pareceu poético e ressoou dentro dela como a Valse Sentimentale de Tchaycovsky ressoaria em um quarto escuro onde, sentado num canto úmido, estivesse um romântico abandonado.
E pensando nas palavras dele ela metaforizou seus próprios sonhos:
Tirar os sapatos pra sentir o chão molhado, libertando os dedos das convenções, do escuro das obrigações, do aperto e da necessidade de cumprir com a função: pé vestido é homem sério. Pé descalço é criança.  É imaginação.
Ele tirava os sapatos, pensava ela, para oxigenar as unhas, molhar a pele, sentir o chão se resfriar embaixo dele, pisar uma pedra e sorrir com a dor que o sapato fechado lhe impediria de sentir, uma dor engraçada que ele só lembrava de sentir quando era menino e andava por aí livre, sem sapato, sem documento e sem parafusos...
Talvez tirasse os sapatos dos pés para ver a agua doce, da chuva boa, correr sobre e entre os seus dedos livres e fazer pocinha mais adiante onde, seguramente, mais tarde, outro menino iria brincar. Ele deixava a responsabilidade do homem pendurada nos sapatos, descansando tão  tranquilamente no balanço dos seus passos, que se alguém  pudesse enxergar além dos próprios olhos, de perto ou de longe, veria alegria balançando em um sapato, sem nunca suspeitar da responsabilidade desobrigada que realmente havia lá. Com os pés descalços, sonhava ela, ele assumia o suspiro da criança que existia, silente, dentro dele, há muito tempo.
Então esboçou um leve sorriso porque o seu coração se alegrou com o sapato pendurado, longe do pé, perto da infância. E continuou rabiscando, na imaginação, os devaneios que o engrandeciam diante dos seus olhos, quando ele a interrompeu, estirando suas palavras como corda para tirá-la das nuvens onde se havia sentado com suas fantasias coloridas, para explicar: “É Claro, não sou idiota, tiro os sapatos para não estragar o couro”.
A explicação dele implodiu o sorriso dela nas suas origens mais sinceras e a obrigou à mais profunda indiferença. “Algumas explicações são piores que ofensas”.
Foi aí que a moça entendeu que quando as primeiras gotas de chuva precipitam sobre a Terra, algumas pessoas tiram rapidamente os sapatos dos pés, pensando nos sapatos e em tudo o que eles implicam. Enquanto outras tiram rapidamente os pés dos sapatos, porque acreditam que os pés ainda valem mais...
Ele não entenderia, ainda que ela quisesse explicar, e sabendo disso, continuou em silencio, mas já não sorria.

Karol.

samedi 3 septembre 2011

Então é assim...!

Não escrevo há alguns dias.
E a razão disso já nao é que não saiba onde as palavras estão, como algumas semanas atrás.
Agora eu as vejo tremeluzindo a curta distancia da minha mente, mas não quero estirar a vontade para alcancá-las nem uns quantos centímetros.
Não quero eternizar, em desenhos verbais, o que está por dentro de mim.
Quando o ano começou, no meio do nada, encostada no Índico, nunca poderia imaginar as complicacões das quais eu seria protagonista, conforme decorressem os dias.
Agora, sobre o Atlântico, me afogo em incompreensões. 
Há uma larga lista das coisas que não sou, dos lugares onde não estou e para onde não vou.
Há apenas uma pessoa com quem me dói não estar.
Há muitos dons que amargo não possuir.

Fora poeta cantaria meus lamentos. Não o sou.
Fora escritora eternizaria minhas frustracões em lindas crônicas. Não o sou.

Não sou médica, ainda, e inúmeras vezes duvido de se o quero ser realmente, pesem as determinacões do destino.
Não sou romântica, nem isso.
Venho de exercer um cristianismo fajuto, inexpressivo.
Recordo, frequentemente, um passado que nunca se repetirá.
Em suma: tenho 24 anos, muitas entrelinhas,demasiadas folhas em branco e pouca vontade(ou seria coragem?) de preenchê-las.
Tenho quase 25 anos, na verdade, e sinto que o drama da minha vida não passa de um folhetim vagabundo, desses que o meu avô comprava em bancas de revista.
A única diferença é que os que ele lia, eram puramente policiais e esbanjavam adrenalina.
No livro desagradável que eu protagonizo, o único sentimento transbordante é a frustracão...!
E, sejamos sinceros, quem pagaria para ler semelhantes linhas?
Eu, honestamente...Não!

Karol.